Esperando papai na porta da universidade, sentada no banquinho, irritada com uma gripe se instalando e querendo estragar meu feriadão, para um cara já calibrado na cachaça.

- Esperando alguém?

Confirmo com um aceno de cabeça bem forçado e cara de ‘foda-se’, mas ele é brasileiro e não desiste nunca.

- Posso esperar aqui também?

E antes de qualquer esboço de resposta, ele foi sentando no menor espaço disponível no banco, do verbo ‘coladinho’. Automaticamente, escorreguei para outra ponta do banco e ele se sentiu ofendido.

- (fala enrolada) Eu não quero incomodar

O silêncio parece incentivá-lo.

- Olha, eu realmente não quero incomodar

- Já está incomodando.

- É que eu acho que quem eu tô esperando já foi embora

- Então, é melhor você ir embora também

O silêncio do constrangimento não foi mais forte que a falta de noção e ele, brasileiro ...

- Seu cabelo é muito massa! Muito doido!

Acho que minha cara de ‘morra!’ deve ter sido assustadora e mais forte que a brasilidade dele e ele, enfim, foi embora.